sexta-feira, 17 de março de 2017

Geração (un)follow

O avanço da tecnologia mudou vidas, não há como discordar. Pensamentos que antes pareciam absurdos como a comunicação entre pessoas de países distintos tornou-se algo comum, completamente básico. Milhares de estudos, projetos, aulas, conhecimento, músicas, puderam e podem ser acessados com o avanço e a criação da internet. E vocês devem estar se questionando: o que há de tão errado e ruim nisso? E eu lhes respondo: a distância.
Sim, eu disse que hoje em dia é possível que uma pessoa que está no Brasil se comunique com outra que está na Suíça, não discordo e nem estou me contradizendo. Mas e aí? E o contato físico, o afeto, a compaixão e principalmente o respeito? Muita calma, vocês vão entender onde quero chegar.
As redes sociais surgiram, Orkut, MSN, Facebook, Instragram, Twitter e por aí vai.. Milhares de pessoas se conectam a essas redes com o intuito de encontrar perfis que vez ou outra acabam sendo parecidos com o delas. Claro, é do ser humano buscar por gostos em comum. Mas e aí? Ai é só dar follow (vulgo seguir) ou mandar uma solicitação rápida e a pessoa já pode ver tudo o que a outra posta, seja a respeito da vida, da profissão, dos problemas ou dos seus afazeres. Depois disso começa uma curtida daqui, um compartilhamento dali e fim.
Fim porque acaba nisso, não há nada além. E depois de um tempo vem o unfollow (vulgo deixar de seguir). E sabe o motivo? A distância.
Você pode estar conectado a outras pessoas 24 horas por dia, pode ver sobre a vida dela, as mágoas que ela carrega e sobre seu dia a dia buscando uma vida saudável, mas a realidade é que você nunca saberá quem ela é de verdade. Você pode também criar contato com pessoas de fora em busca de conhecimento esperando que um dia vocês se encontrem, e que legal! Mas basta uma pisada na bola que o unfollow serve como válvula de escape para resolver o problema.
A geração (un)follow se limita a isso. Ao passo que a tecnologia avançou, todos nós avançamos, mas avançamos no retrocesso. Tire um tempinho do seu dia para perguntar para os seus avós como era a vida antes das redes sociais. Pergunte quantos amigos próximos eles tinham e com qual frequência eles se viam. E agora compare a você.
Facebook: 3.000 amigos; instragram: 15.000 seguidores;  twitter: milhares de pessoas retuitando postagens. Mas e aí? Somando tudo isso, com quantos você pode contar? Quantos você vê com frequência e com vontade? Por quantos você tira um tempo do seu dia nas redes para simplesmente ouvir uma história ou ficar um ao lado do outro quieto? A resposta chega a ser assustadora, não é mesmo?
Essa é a geração de hoje. Essa é a geração do amanhã e do futuro também. Mas eu quero que vocês entendam: conforme as gerações vão passando, as pessoas vão passando e sendo levadas junto. Então imagine, daqui 30, 40, 50 anos, quantos momentos você vai conseguir ter com a sua família? Quantos ainda estarão aqui? Quem dos seus amigos você quer preservar? E assim caminha a humanidade.
Os questionamentos são muitos, o tempo conectado nas redes maior ainda. Mas reflita, talvez você esteja destinando tempo as coisas erradas.
Essa é a geração do (un)follow, mas comece a dar mais follows em pessoas ao seu redor. Se tem uma coisa que eu posso te garantir é que você jamais se sentirá sozinho, e as postagens que antes eram para desconhecidos que viriam a te criticar, se transformarão em abraços muito bem dados por pessoas que só querem o seu bem.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Se por acaso me quiseres



Se acaso me quiseres, sou tua
Mas também sou da noite, dos bares, das ruas
Sou de todas as pessoas que ficaram
E das que partiram levando pouco de mim.

Se acaso me quiseres, sou nua
Me despido e me abro por completa para você
Me atiro sem medo do futuro
E me entrego com boas esperanças.

Se acaso me quiseres, me atura
Seja bom o suficiente e não desiste
Tenta manter a calma e não enlouquece
Há muito o que viver.

Se acaso me quiseres, me queira
Mas queira com vontade, queira sem medo
Gasto tanto tempo sendo minha, e bem..
Por enquanto sou minha e da liberdade que me convém.

E se por acaso algum dia resolver insistir mais
Lembra que a vida não anda para trás
E se quiser ser por inteiro, vá em frente
Enfrente seus medos e tente me enfrentar também.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Talvez a gente se encontre.

Talvez a gente se encontre por aí, num fim de noite qualquer, em um boteco de esquina onde cada um poderá contar sobre seus problemas e o que o aflinge. Ou talvez possamos passar horas em silêncio tomando porres e pensando sobre a vida.
Talvez a gente se encontre por aí, com sorrisos que trazem dentro de si todo um universo de frustrações e desejos mal resolvidos que insistem em transparecer quando estamos juntos.
Talvez a vida resolva colaborar e nos colocar cara a cara depois de tantos anos, com novos planos, novos pensamentos, novas versões e um eu melhorado. Mas pode ser que o inverso aconteça e que a gente se torne apenas meros desconhecidos que se conhecem muito bem.
Acontece que já faz um tempo que não tenho notícias. No início é sempre muito bom criar casos de ciúme e agir de forma que o outro saiba, mas as coisas mudam. Depois que toda essa maré ruim passa, só restam lembranças de momentos que na hora pareciam não ter fim.
E talvez a gente só se encontre por aí, passando pela rua, tomando café na mesma padaria, viajando para o mesmo lugar ou até em uma fila de entrevista de emprego, mas a gente se encontra. E se encontra porque tem que ser assim, porque nem todo mundo precisa ter um final triste ou abandonar quem ama. E se encontra porque ainda há muito o que aprender, muito o que contar, muito o que fazer.
Porque talvez a gente finalmente se encontre e entenda o motivo de não ter dado certo antes, e saiba de uma vez por todas que não importa quanto tempo demore, há pessoas que foram sim feitas uma para a outra, e nossa história precisava ser assim.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Você é feliz sozinho?


Não há nada demais em viver sozinho nos dias atuais. Existem pessoas que acreditam que essa é a mais pura forma de solidão, eu já penso que viver sozinho é ter por vezes uma liberdade plena a qual todos nós buscamos.
Temos sonhos. Não é novidade para ninguém que todos vivem uma luta diária em busca daquilo que mais deseja, e é errado sonhar sozinho?
Temos qualidades também. Talvez alguns as escondam por medo de se abrir demais e acabar se enganando, mas repito: temos qualidades, todos nós.
E se nos foi ensinado que devemos compartilhar nossos sonhos com outras pessoas e mostrar o melhor que podemos ser, por que algumas pessoas preferem ser sozinhas?
A resposta não é tão difícil quanto vocês imaginam que seja. Algumas pessoas preferem ser sozinhas pelo simples fato delas serem felizes sozinhas. No mundo atual, muito me impressiona alguém que seja decidido o bastante ao ponto de não precisar de ninguém. E não é um precisar generalizado, trata-se de saber a hora de estar entre outros e principalmente a hora de se resguardar.
Mas você é livre. Você pode viajar e dar a volta ao mundo sozinho e ainda assim se divertir horrores; você pode sair para jantar e sentar em uma mesa a dois, sozinho; você pode ir ao cinema e assistir ao filme que estava com vontade sozinho; você pode ser o que quiser e ainda continuar sendo sozinho, e sabe porquê? Porque você é livre para ser tudo isso e ainda ser feliz.
E o melhor de ser sozinho? Você ainda pode escolher quando ser companhia, porque é você quem escolhe o rumo que sua vida vai ter e é você que sabe se suas atitudes o farão bem daqui em diante. E porque se algum dia perguntarem se você está bem assim, a resposta será: eu nunca estive tão bem comigo mesmo. E uma coisa eu te garanto, não há nada melhor do que aprender a amar a si próprio para depois amar alguém.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O mesmo vento que te leva.

O vento que te leva para longe pode ser o mesmo que te trará de volta. Às vezes é necessário seguir em frente sem olhar pra trás carregando apenas pequenas bagagens rotuladas como sentimentos. Ou pelo menos é assim que deveria ser.
Nem sempre as coisas saem da forma como imaginamos ou até mesmo queremos e não temos escolha senão caminhar por outros caminhos que trarão diferentes oportunidades. Mas quem disse que essas oportunidades não podem ser boas? Aliás, quem disse que até mesmo quando algo ruim acontece, não conseguimos tirar uma lição boa disso?
Já perdi muitas pessoas, acredito que você também. E não foi perder pelo fato delas morrerem, foi um perder pouco menos doloroso mas que deixa um vazio tremendo dentro da gente. É o perder presente, perder sabendo que a pessoa simplesmente não se importa mais ao ponto de não fazer questão de você.
Mas já perdi coisas também, e quantas coisas! Quem nunca perdeu provas, horários, compromissos ou até mesmo algo importante que poderia mudar a vida para sempre? E é exatamente aí que a gente vê que as coisas sempre acontecem com algum propósito.
Pode ser que o vento sopre de formas diversas e você sinta que tudo está contra você. Pode ser também que você fique tão aflito que queira desistir e pensar que nada mais faz sentido ao ponto de lutar. Mas lembre-se: esse mesmo vento pode te trazer de volta. E bem, se acaso não trouxer, você já sabe, há males que sempre vem para o bem.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Ensaio sobre ela.

Ela não é o tipo de mulher que atrai os homens pelo padrão que a sociedade impõe, também não é daquelas que não faz o tipo de ninguém porque incrivelmente alguns se interessam por ela. Ela é a famosa meio tipo.

Ela não é totalmente caseira e não dispensa uma balada, mas em algumas sextas ou sábados as festas são trocadas por longas horas na frente do computador assistindo Netflix e tomando sorvete de morango.

Ela é diferente. Não diferente de todas as outras, mas um diferente que a torna única por apenas um motivo: ser ela mesma o tempo todo. O tempo todo enquanto prefere escutar músicas antigas do velho e bom Chico e não o som dos DJ’s que estouram por aí; o tempo todo quando troca seus vestidos de festa por uma camiseta que vai até embaixo dos joelhos mostrando que ela não é somente corpo; o tempo todo enquanto algumas preferem se desligar do mundo e ela faz o mesmo, mas sempre estando conectada consigo mesma.

Ela é dela. E não é somente dela nas horas que está em casa sozinha. Ela é dela em todos os momentos, desde quando fica pensando nos próximos textos que irá escrever até o horário que seu amor chega para fazer companhia. Ela é um poço de qualidade e defeito tão incalculável que isso faz com que ela seja dela, sem que ninguém consiga cavar tão afundo sua alma e chegue a conhecê-la por completo.

Ela chuta parede, bate no travesseiro quando está com raiva, corre pelos cantos da casa feito louca e vasculha até encontrar o que deseja. Tem mais fases que a Lua e se você não estiver disposto a pagar pra ver, aqui vai o meu maior e melhor conselho: corre enquanto é tempo.

Ela é tão ela e tão dela que é capaz de conseguir o que quer custe o que custar. E não tente aprisioná-la, uma vez que o faça você conhecerá a fúria de uma pessoa indomável. Mas ela vale à pena, viu? Eu mesmo tive a sorte de tê-la por perto. Mas eu deixei escapar minha chance, e me arrependo, como me arrependo..

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Mesmo sem ser.

Realmente nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas. E já dizia Cora Coralina, mas eu iria além. Talvez as coisas tenham menos sentido ainda se essas pessoas forem as que amamos.
Venho pensando dessa forma e me questionando há tempos, e já faz dias que acordo e meu primeiro pensamento é apenas ele. Digo ‘ele’ porque seria atrevido demais da minha parte dar nome aos bois e dedicar de fato esse texto a uma pessoa. Indiretamente é, mas nem todo mundo consegue entender. 
Cai a noite por aqui e tudo o que consigo pensar é o que ele está fazendo, quanto tempo levou para arrumar as coisas e se vai tudo bem.
E leva tempo, mas finalmente aqui já é madrugada, e parece que nossas almas se ligam, mesmo sem querer. E nossos corpos falam mais alto como se nada mais que estivesse ao redor importasse. E ele me escuta falando da minha vida como se já me conhecesse por inteira mesmo sem entender. E aí é madrugada, mas parece que o tempo para toda vez que eu o vejo.
E no outro dia eu corro pra saber como andam as coisas, se ta tudo bem por aí. E eu sei que o mesmo acontece porque só você não vê que a gente já é um, mesmo sem ser.
E a gente já é um porque eu te entrego meu coração e todas as outras coisas também, e deixo você ser bagunça pra no final arrumar todas as coisas e fazer morada. E porque são nos gestos, nas falas, perto ou longe que todo mundo vê que a gente já é um antes mesmo de ser.
E talvez eu devesse tomar cuidado e me preocupar com as coisas que não vão dar certo, mas quem pode garantir isso quando até mesmo o presente é tão incerto?
Acontece que hoje, independente, te deixo meus pensamentos, meus carinhos, dramas e melancolias, e a certeza de que por mais que você ainda não saiba, nós nos tornamos um, e é difícil deixar de ser.